Falar não é necessariamente comunicar!
O que a experiência me tem demonstrado é que, grande parte dos problemas que as pessoas e as empresas procuram resolver, se devem a uma má comunicação ou à falta dela.
É incrível que algo que nos é tão intrínseco, e que fazemos diariamente, seja das maiores lacunas de competências que existe na atualidade.
E é aí que reside a questão…
Na infância e na escola aprendemos a falar mas não propriamente a comunicar.
Falar é diferente de comunicar assim como ouvir é diferente de escutar!
E se eu te disser que as palavras que dizemos representam apenas 7% do impacto que temos com a nossa comunicação?
Estudos indicam que, mais do que as palavras em si, a linguagem corporal, o ritmo e o tom de voz são os grandes fatores de impacto perante uma audiência.
Assim sendo, a comunicação começa muito antes de emitirmos uma palavra!
Para criar uma boa comunicação é necessário criar sintonia, fazer com que o outro confie e coopere conosco.
E, nessa perspetiva, o rapport tem um papel fundamental na comunicação.
Ao estabelecer rapport, conseguimos criar relação e uma sensação de correspondência potenciadora da empatia.
Mas para criar rapport é necessário prestar realmente atenção:
- Escutar de várias maneiras, dar total atenção ao interlocutor.
- Escutar o que ele diz, mas ficar também atento àquilo que a sua linguagem não verbal transmite.
- Escutar de forma aberta, mostrando recetividade e interesse e, acima tudo: Escutar sem julgamentos!
Cada um tem o seu mapa mental, os seus valores e crenças, por isso, numa perspetiva de comunicação interpessoal, mas também numa vertente de gestão de conflitos, perceber a perspetiva dos outros pode ser muito transformador.
A arte de “calçar os sapatos dos outros” traz-nos o entendimento que, todo o comportamento tem uma intenção positiva para a pessoa que o pratica.
Ou porque se sentiram injustiçados, provocados, ou mesmo porque foi assim que aprenderam, todos têm um motivo por trás de um comportamento ou estilo de comunicação.
Ninguém sabe as lutas que cada um trava em silêncio…
As pessoas respondem a experiências e contextos por isso, cada um reage e faz o melhor que pode face ao contexto e aos recursos que dispõe em determinado momento.
Ter este entendimento muda completamente a forma como interpretamos as atitudes e a linguagem dos outros e confere-nos mais leveza no relacionamento interpessoal. Aqueles que são capazes de interpretar o outro, compreendê-lo e criar empatia, tem conversas e relações mais agradáveis, melhores relações de trabalho e uma comunicação mais eficaz.
Contudo para ter uma boa comunicação não basta ser capaz de interpretar as pessoas à nossa volta.
Em primeiro lugar o trabalho começa cá dentro.
Não há comunicação sem inteligência emocional (sem emoções só estaríamos a proferir palavras desprovidas de qualquer significado).
Por tudo isto, investir no nosso desenvolvimento pessoal e conhecermo-nos bem, é crucial para conseguirmos comunicar de forma efetiva e com autenticidade.
Se não estamos certos do que realmente queremos transmitir, ou temos um diálogo interno julgador e excessivamente critico para conosco próprios, naturalmente iremos interpretar as ações ou palavras de terceiros de forma igualmente julgadora e critica.
A comunicação assertiva chega a ser uma arte…
Na correria do dia-a-dia e no meio dos dramas típicos “da vida a acontecer”, quantos de nós muitas vezes dizem meias palavras ou atiram pistas para o ar esperando que o outro perceba a mensagem nas entrelinhas?
Mas isso está longe de ser uma comunicação assertiva e eficaz.
COMUNICAR É:
- Envolver & tornar comum.
- Observar & escutar
- Rapport & empatia
- Autoconhecimento & autoconsciência
Se pensarmos que a comunicação envolve tudo isto, possivelmente concluiremos que muitas vezes não comunicamos efetivamente.
Quando saímos da escola sabemos falar e escrever, mas o que aprendemos sobre a comunicação, não é ensinado numa disciplina. Essas competências são adquiridas na prática através do seio familiar e do contacto com diferentes pessoas, tanto a nível profissional como pessoal.
Contudo, nem todas as profissões expõem as pessoas à prática constante da comunicação e, por outro lado, o facto de estarmos numa era digital, em que muitos comunicam através de gadgets desde tenra idade, faz com que algumas competências chave da comunicação não sejam tão trabalhadas.
As experiências de comunicação que antes eram adquiridas em contexto presencial no dia-a-dia, na escola e profissionalmente em trabalhos de equipa, onde se podia contactar melhor com a linguagem não verbal e onde não havia tantas barreiras à escuta ativa, são agora estabelecidas remotamente.
Por tudo isto, acredito que, num mercado com necessidades crescentes de perfis altamente diferenciados, as áreas de desenvolvimento pessoal ganham crescente relevância nas organizações.
Tipicamente, essas competências não são muito desenvolvidas numa vertente académica e são cada vez menos treinadas no âmbito pessoal numa era em que as interações desde a infância se fazem mais online, seja por via de mensagens, redes sociais, jogos etc.
Se pensarmos bem, e contra mim falo, até experiencias como ir às compras ou ir a um restaurante são substituídas não poucas vezes por experiencias online onde a interação com pessoas é mínima, por isso, se comunicamos menos no nosso dia-a-dia essas competências terão que ser adquiridas por via de formação e treino.
Estou convicta que num futuro muito próximo, as competências de comunicação, inteligência emocional e outras áreas do desenvolvimento pessoal estarão no radar dos planos de formação de muitas empresas.
Até breve,